É possível que essa postagem irrite muitos dos meus colegas educadores físicos, mas preciso falar sobre isso.
Essa linda pirâmide aí em cima é encontrada em basicamente todos os livros-guia para quase todas as doenças que acometem o ser humano. Essa especificamente foi retirada de um artigo sobre hiperuricemia e é do Americam College of Physicans. Por favor, dê uma olhada atenta nesta figura.
Pois bem, na base desta pirâmide temos o que? O meu, o seu, o nosso EXERCÍCIO FÍSICO.
Atualmente faço mestrado na área de saúde (área que gosto muito mais do que qualquer outro objeto de estudo da educação física) então, é sobre isso que irei discorrer hoje.
A coisa que mais se vê nas conversas entre educadores físicos é como nossa classe é subvalorizada, como os médicos tentam tomar nossa atividade e blá blá blá. Eu mesmo já perpetuei esse senso comum por muito tempo, mas hoje eu entendo melhor o problema.
Quando eu olho uma pirâmide e vejo que o primeiro profissional que deve entrar em ação é o professor de educação física eu fico feliz e apavorado ao mesmo tempo. Fico feliz por saber que, na realidade, minha área não é desmerecida pelas outras classes e pelos livros, ela é desmerecida pelo próprio profissional de educa. O apavorado eu explicarei mais em baixo.
Ora, eu fiz Bacharel, foram 4 anos de estudo, 4 anos! Isso é bastante tempo. Se fizermos um paralelo com a Medicina (tenho algum conhecimento sobre, pois minha esposa é médica), os alunos também estudam em sala de aula por 4 anos, depois disso têm mais 2 de treinamento para a prática médica, o internato.
Mas o grau de conhecimento que nos é passada nos 4 anos de graduação em educa não chega nem perto, em volume, do montante que é passado para um aluno de medicina.
Digo que fico apavorado porque, apesar de hoje eu saber o que fazer, a minha faculdade não me preparou nem um pouco para ser o primeiro profissional a tratar uma pessoa com alguma doença metabólica. Ao invés disso, passei várias horas aprendendo a ensinar uma pessoa a chutar uma bola ou como recrutar mais fibras do glúteo para deixar a bunda de alguém mais durinha. Ah, pelo amor de deus!
Me deixa triste saber que a formação em educação física poderia ser muito, mais muito mais relevante para nossa prática clínica, nos fazendo ser parte de um importante eixo de tratamento de doenças. Claro que existem profissionais que sabem muito bem cuidar dessas condições, mas esses não foram formados em uma sala de aula, foram atrás de alguma forma de conhecimento específico por conta própria. E esses eu aplaudo de pé.
Então meu caro colega educador físico, saiba que quem deturpa nossa área e nos faz, por muitas vezes, trabalhar por salários baixíssimos e nos ver sendo negligenciados pelos médicos para o tratamento dos seus pacientes, se o cardiologista prefere ele mesmo mandar uma pessoa com síndrome metabólica fazer caminhada e não buscar a sua orientação, é você mesmo! A culpa da área ser desvalorizada é sua, não tente jogar nas costas dos outros profissionais que estão tentando proteger seus pacientes de um profissional pifiamente qualificado para cuidar de seus doentes.
Como disse meu estimado professor de graduação: "Pra ficar trocando pino e erguendo barra, 6 reais a hora ta até caro".
P.S.: Ah, e não é porque você sabe falar meia dúzia de nomes de doenças e fica cuspindo termo técnico para o aluno que você é bom não, tá?