terça-feira, 23 de dezembro de 2014

"Sabe um bom profissional pra me indicar?"

Já lhe ocorreu que quando você indica um profissional, que não é um colega de profissão, na maioria das vezes você não tem a menor ideia do que esta fazendo?

Ontem estava conversando com alguém sobre problemas de saúde e alimentação. Ao dizer que peito de peru e presunto eram a mesma coisa (em termos de ambos serem embutidos gordurosos e com muito sódio) a pessoa me diz: “Não, a minha cardiologista me disse para comer peito de peru, que é muito melhor do que presunto, e ela é muito bem conceituada na cidade” (isso porque passar dieta nem da alçada desse profissional, isso já basta para entrar na lista de profissionais ruins) .

Neste momento eu comecei a pensar sobre o que faz um profissional ser renomado, pensei sobre os vários péssimos professore s de Educação Física que conheço que são renomados na cidade, pois quem faz um profissional famoso são os alunos, os pacientes, os clientes, e estes não fazem ideia do que é um bom profissional, pois não são da área, não sabem julgar o que é uma informação verdadeira (na verdade, com o Google, isso é meio preguiça, pois basta uma pesquisa básica para você ver que alguém está mentindo), e o “bom profissional” para o público, não é aquele que sabe mais, mas sim aquele que conversa melhor.

Pense, se você não é médico, ao ser atendido por um, você não faz a menor ideia do que ele está falando e vai aceitar aquilo como verdade. A única maneira que você tem de saber se aquilo é falso é se for a outro médico, ele te disser que o primeiro estava errado e resolver seu problema. Caso aquele primeiro médico esteja completamente equivocado, mas, por um golpe de sorte, resolver seu problema, você achará que ele está certo, que é um bom médico e o recomendará para todos, e assim nasce um monstro. A mesma coisa pode ser aplicada para o seu mecânico, seu dentista, professor, pedreiro e assim por diante. Por que no final das contas, se você não é da mesma área de atuação que a pessoa, você não sabe dizer se ele é bom ou ruim, não tem meios para saber.


Assim, perguntar para um amigo se ele conhece um bom professor, um bom médico, um bom mecânico, é o mesmo que perguntar se ele acha algum profissional gente boa, educado, piadista e que fala bem, porque se essa pessoa é realmente boa no que faz, em termos de conhecimento, seu amigo nunca irá saber!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Todo mundo tem que saber!


Conhece alguém que não se ache muito bom naquilo que faz? Todo mundo se acha bom, e acha que o outro é ruim, ou pelo menos pior que si. Ora, se para mim eu sou o melhor e para o outro ele é o melhor, todo mundo é melhor, mas aí o "melhor" perde o sentido. E vamos combinar que se todo mundo fosse tão bom quanto acha que é, o mundo seria um lugar bem diferente.

O fato é que hoje todos temos que ser revolucionários em tudo, certo? Digo, todo profissional é o melhor, se você é educador físico você vai escrever um monte de coisa que você acha que é verdade e todos os outros professores são grandes "topeiras" por não concordar com você. E isso hoje vale pra tudo, todo mundo tem razão, assim, ninguém tem razão. Acho que o ego está ficando grande demais.
O problema são as redes sociais?

Isso é interessante.

Conversando com um aluno hoje, ele me disse que as coisas mudaram, antigamente o padre falava sobre o "ser" e o "ter", a velha discussão sobre o amor pelo material em detrimento da moral (quando um vem em detrimento do outro, mas da pra ter as duas sem conflito). Hoje a questão é o "parecer ser" e o "parecer ter".

Não importa se sua vida é uma droga e você não tem dinheiro pra comprar pão, você vai no bar caro e tira foto com roupa de marca, para que você pareça ter dinheiro, e note, o TIRAR FOTO é essencial! O mundo tem que achar que você tem, não só as pessoas daquele recinto.
A mesma coisa serve para o "ser". Não importa que você faz o certo, é preciso contar pra todo mundo!
Tenho um pouco de ódio dessa mania de ter que tirar foto de tudo, de ter que documentar a vida para os outros saberem.

Na verdade, promessa de fim de ano: Vou apagar todos os grupos irrelevantes do WhatsApp e todas as pessoas que não são contatos de trabalho ou amigos próximos do Facebook, só não deleto aquilo porque uso para fins profissionais.
"Ah, mas e os familiares que moram longe, os amigos?"
Eu tenho o telefone das pessoas importantes, e se elas querem saber como eu estou, é só ligar pra falar comigo. Quem se importa o suficiente, vai ligar. Essa desculpa de que é para "manter contato" não serve para mim.
Não me entenda mal, não é que eu não gosto das pessoas, algumas eu adoro, mas acho que são números demais e qualidade de menos, sabe? 400 amigos, mas eu realmente falo com 20. Para que os outros 380 precisam saber da minha vida? Não precisam! Se quiserem, é só ligar.

Acho que pensei nisso por auto-preservação, serei pai em pouco tempo e não acho justo expor meu filho e minha família para todo mundo. Tem certas coisas que as pessoas não precisam saber, como por exemplo, qual foi meu jantar, mas muita gente vive tirando foto de comida!!

sábado, 11 de outubro de 2014

Se eu sei disso, todo mundo que não sabe é burro...



O título desta postagem ecoa na cabeça de muitas pessoas que assumem que se ela aprendeu algo, todo mundo tem que saber aquilo, e quem não sabe é um ser miserável, ignorante e  digno de pena, alguém menor.
Conhecem alguém assim?

Graças ao empenho e sorte consegui alcançar o objetivo primário que sempre tive, ter a pesquisa e o estudo como minha ocupação, com isso tenho muito mais tempo que meus colegas de profissão para aprender sobre minha área, para ler e ver que aquilo que nos ensinam na faculdade está, às vezes, longe da realidade. No inicio eu cheguei a achar um absurdo os profissionais de educação física não saberem sobre determinadas coisas, não deterem certos conhecimentos que eu, em minha ignorância e prepotência julgava que deveria ser conhecimento básico.

Mas não é.

Todos os dias aprendo coisas novas sobre o corpo, e isso é graças ao tempo e vontade que tenho para estudar, tenho o privilégio do tempo. Me irrito com pesquisadores acabaram de descobrir algo, nesta manhã, até ontem o indivíduo não sabia que tal conhecimento existia, mas hoje, no momento em que ele aprendeu, todos os outros que não sabem aquilo se tornam profissionais medíocres. Pensando bem isso pode ser extrapolado para a vida em geral, alguém detém algum conhecimento geral e julga que todos que não detém são burros.

Mudei muito minha ideia. Hoje penso que se eu tenho a oportunidade de ler mais, meu dever é difundir o conhecimento, em minha visão, o pesquisador tem essa obrigação, disseminar o saber que ele cria ou aprende, ensinar os outros, não julgá-los e mantê-los nas ignorância, pois eles também anseiam pelo saber, mas não tem o mesmo privilégio do tempo ou dos meios para estudar, trabalham e tem suas outras ocupações.

Esse pensamento me veio à mente após uma aula de bioquímica, onde o professor achava que era conhecimento básico e necessário para a vida inteligente na terra o saber sobre as leis fundamentais da entropia. "Hoje em dia ensina-se coisas irrelevantes e o que realmente importar está sendo deixado de lado", disse ele.
Para esse professor, o saber sobre tais leis era algo fundamental, e quem não sabia disso era um idiota. Ele julgava esse conhecimento algo básico e fundamental porque pesquisava isso a mais de 50 anos, mas falhava em entender que era algo básico para ele, não para os outros alunos que conduzem suas pesquisas em áreas completamente diferentes.

Julgar que o conhecimentos que detemos é mais importante que o do colega é algo que beira a idiotice, pois, com certeza o colega sabe algo que você não sabe.

No final tudo se resume à tolerância e à compreensão.
Estou trabalhando nisso....

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A hipocrisia intolerante dos hipócritas.

Ah, as eleições, que tempo bom, onde santos são canonizados e demônios excomungados pelo povo que julga baseado em porra nenhuma!
Como em toda época de eleição, as pessoas que normalmente só falam sobre o resultado do Brasileirão subitamente se tornam politizados e preocupados com o futuro da nação, gritando as mesmas palavras ensaiadas ano após ano em um discurso vazio e vago recheado de senso comum e hipocrisia. 

Falando em senso comum, tentarei fugir deste, uma vez que não pretendo falar da política em si ( caso queiras ler sobre isso, basta dares um refresh em tua linha do tempo do Facebook que serás bombardeado por tal tema),  mas sim sobre a intolerância e ignorância do "eruditos" e "politizados".

Bem, a época de eleição é tida como a "festa da democracia" onde o cidadão pode exercer seu dever cível e eleger seu governante. Eu particularmente compartilho deste pensamento. Então vamos nos ater a esta pequena palavra: DEMOCRACIA.

Quando você diz "esse povo burro que vota no PT" ou "não acredito que tem gente que vota no PSDB" você está sendo um idiota. Simples assim. 

O voto é livre e todos temos o direito de votar em quem quisermos, pelos motivos que quisermos e você não tem nada a ver com o meu voto. Da mesma forma que você tem os seus motivos para votar no seu candidato. O problema aqui é que as pessoas acham que o candidato que ela vai votar é santo, é o salvador, aquele que não erra e que vai melhorar o Brasil. Eu acho isso do meu e você acha isso do seu. E a democracia dita que a maioria vai escolher, e cabe a você aceitar essa escolha majoritária.

Cheguei a ler pessoas colocando " separa os estados, cada um fica com o candidato que venceu" e " povo burro do Nordeste que votou na Dilma, fica com ela, dividimos o Brasil em 2" (esse além de burro é preconceituoso e xenofóbico). Tais pessoas, com ensino superior, dizendo essas coisas me preocupa muito, pessoas que cospem lindos discursos em nome da chamada democracia, democracia está que eles não têm a menor ideia do que seja! É isso é irritante.

Se o mundo está uma merda é por causa da intolerância das pessoas, seja ela religiosa, política, sexual e qualquer outra. Isso é um absurdo, a pessoa vota em quem ela quer, porque ela quer e você não tem nada a ver com isso. E ainda mais, vai aceitar calado o candidato que ganhar, sendo o seu ou não. Digo calado porque reclamar no Twitter não é protesto,e ficar pulinho no Facebook também não. Caso você não aceite o resultado, junta uma milícia e tenta dar um golpe de estado, mas nunca mais use a palavra democracia. 

Se eu sou negro, pobre, homossexual, nordestino, vegetariano, budista e votei no Levy Fidelix ou não, você não tem nada a ver com isso, é a única coisa que você DEVE fazer, é respeitar!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O que é o ato de estudar?


Hoje cometi um erro primário: entrei em uma discussão sobre o corpo humano com um leigo no Facebook. 

E isso, meu caro amigo, você jamais deve fazer.

No referido caso, o garoto falou algo sem fundamentação científica e eu não resisti, a coceira que aquela informação falaciosa gerou em mim foi intensa demais para deixar passar eu tive que mandar um "NÃO" como resposta. Neste momento aconteceu o único desfecho possível, o garoto lançou mão do argumentum ad hominem (obrigado ao grande amigo Marcos Bovo por esse termo), deferindo sua contra minha pessoa, não contra meus argumentos. Ele mandou o clássico: "Vai estudar e depois vem falar comigo".

Mas oras, minha atuação profissional remunerada atualmente é, exatamente, estudar. Todo meu dia é voltado para isso, é o que eu faço da vida. 

Tendo em vista que essa resposta é o padrão dado por pessoas sem base de estudos, que não aceitam argumentos contra suas idéias, criando dogmas sobre as áreas de interesse, nunca evoluindo naquele área, eu pensei:

Mas o que seria estudar para o referido ser? O que é "estudar" para você, querido leitor?

Bem, meu objeto de estudo é o corpo humano durante a atividade física, logo, estou saturado de pessoas que acham saber da área, que dizem "Eu estudo muito sobre musculação, nutrição e tals". JESUS! Eu escutei de um educador físico, dentro de uma sala de musculação que ele "estuda" muito mais sobre nutrição do que sobre musculação. Isso quase me infartou! Primeiro porque eu conheço o professor e sei que estudar é a última coisa que ele faz e depois, como vou escrever abaixo, não acho que ele saiba o que é estudar!

Devo começar dizendo que não acho que o título da pessoa deve ser levado em consideração (apesar deu estar me esforçando para me encher deles), pois, com a internet qualquer pessoa tem acesso a excelentes fontes de informação. Mas, honestamente, ler um artigo científico é chato, ler um blog cheio de imagens e "receitas de bolo" é bem mais legal.

A conclusão que quero dar (tentando não me alongar aqui) é que, se você lê Super Treino, Jornal da Musculação e Fitness, se o blog de onde tira suas informações é o Frango com Batata Doce ou o Hipertrofia.com, meu caro amigo, você não está, nem de longe estudando. Existem revistas de acesso público muito boas, como a Motriz (UNESP) e a Revista Brasileira de Ciência e Movimento (PUC-Brasília) por exemplo. Claro que existem revistas mais conceituadas, mas as citadas acima, para começar já está muito bom!

Dei exemplos da área de Educação Física, mas cada área de conhecimento tem suas revistas científicas, procure-as antes de sair falando que estuda e sabe sobre alguma coisa.

Mas agora deixa eu ir porque eu deveria estar estudando....

domingo, 27 de julho de 2014

O despreparo da Educação Física

É possível que essa postagem irrite muitos dos meus colegas educadores físicos, mas preciso falar sobre isso.

Essa linda pirâmide aí em cima é encontrada em basicamente todos os livros-guia para quase todas as doenças que acometem o ser humano. Essa especificamente foi retirada de um artigo sobre hiperuricemia e é do Americam College of Physicans. Por favor, dê uma olhada atenta nesta figura.

Pois bem, na base desta pirâmide temos o que? O meu, o seu, o nosso EXERCÍCIO FÍSICO.

Atualmente faço  mestrado na área de saúde (área que gosto muito mais do que qualquer outro objeto de estudo da educação física) então, é sobre isso que irei discorrer hoje.

A coisa que mais se vê nas conversas entre educadores físicos é como nossa classe é subvalorizada, como os médicos tentam tomar nossa atividade e blá blá blá. Eu mesmo já perpetuei esse senso comum por muito tempo, mas hoje eu entendo melhor o problema.

Quando eu olho uma pirâmide e vejo que o primeiro profissional que deve entrar em ação é o professor de educação física eu fico feliz e apavorado ao mesmo tempo. Fico feliz por saber que, na realidade, minha área não é desmerecida pelas outras classes e pelos livros, ela é desmerecida pelo próprio profissional de educa. O apavorado eu explicarei mais em baixo.

Ora, eu fiz Bacharel, foram 4 anos de estudo, 4 anos! Isso é bastante tempo. Se fizermos um paralelo com a Medicina (tenho algum conhecimento sobre, pois minha esposa é médica), os alunos também estudam em sala de aula por 4 anos, depois disso têm mais 2 de treinamento para a prática médica, o internato.
Mas o grau de conhecimento que nos é passada nos 4 anos de graduação em educa não chega nem perto, em volume, do montante que é passado para um aluno de medicina.

Digo que fico apavorado porque, apesar de hoje eu saber o que fazer, a minha faculdade não me preparou nem um pouco para ser o primeiro profissional a tratar uma pessoa com alguma doença metabólica. Ao invés disso, passei várias horas aprendendo a ensinar uma pessoa a chutar uma bola ou como recrutar mais fibras do glúteo para deixar a bunda de alguém mais durinha. Ah, pelo amor de deus!

Me deixa triste saber que a formação em educação física poderia ser muito, mais muito mais relevante para nossa prática clínica, nos fazendo ser parte de um importante eixo de tratamento de doenças. Claro que existem profissionais que sabem muito bem cuidar dessas condições, mas esses não foram formados em uma sala de aula, foram atrás de alguma forma de conhecimento específico por conta própria. E esses eu aplaudo de pé.

Então meu caro colega educador físico, saiba que quem deturpa nossa área e nos faz, por muitas  vezes, trabalhar por salários baixíssimos e nos ver sendo negligenciados pelos médicos para o tratamento dos seus pacientes, se o cardiologista prefere ele mesmo mandar uma pessoa com síndrome metabólica fazer caminhada e não buscar a sua orientação, é você mesmo! A culpa da área ser desvalorizada é sua, não tente jogar nas costas dos outros profissionais que estão tentando proteger seus pacientes de um profissional pifiamente qualificado para cuidar de seus doentes.

Como disse meu estimado professor de graduação: "Pra ficar trocando pino e erguendo barra, 6 reais a hora ta até caro".

P.S.: Ah, e não é porque você sabe falar meia dúzia de nomes de doenças e fica cuspindo termo técnico para o aluno que você é bom não, tá?

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A intolerância dos justos e a tolerância dos párias


Ver um adesivo de "eu amo minha igreja" com o símbolo de uma grande igreja evangélica colado em um carro me deu combustível para escrever hoje.

Não, não será uma postagem sobre religião, mas o tema será usado para justificar o argumento.

Existem vários vídeos (não consigo por o link porque estou escrevendo em um iPad) que testaram a reação das pessoas frente a duas situações: 1) uma pessoa prega sobre a palavra de um espírito salvador e; 2) essa mesma pessoa prega, em outro momento, sobre a inexistência desse mesmo espírito. As reações são muito interessantes. Quando ele prega sobre a palavra do espírito, ninguém se manifesta, pode-se ouvir um "amém" aqui e ali, mas nada muito expressivo. Já na segunda situação, há uma comoção de repúdio e quase agressão dos passantes contra a pessoa falando, a ponto de um outro espectador, que simpatizava com as idéias do homem discursando entra no meio para defendê-lo de algum possível confronto físico que poderia partir da multidão. Vídeo muito bom que colocarei na postagem assim que possível.

No caso acima pude ver, muito claramente como os ditos "justos e honráveis", em nada os são. 

No caso do início da postagem, aquele adesivo, de forma alguma atrairia atenção agressiva para aquele veículo ou seu dono, mas, e se um satanista (e não seja ignorante, isso de nada tem a ver com matar pessoas e estuprar crianças) colocasse em seu carro "Belzebu é meu rei" ou "louvado seja satanás", alguém acredita que seu carro não seria depredado em instantes?
Se uma pessoa que ama animais diz que os ama incondicionalmente nas redes sociais, chegando ao cúmulo do comportamento (hoje em dia comum) de tratá-los como seus próprios filhos, essa pessoa é exaltada, mas se alguém ousa colocar que não gosta de cachorros, essa pessoa será execrada por uma multidão acalorada.

Meu ponto é: as pessoas que são tidas como as mais corretas (religiosas,amante dos animais, das crianças, do verde e afins) são extremamente intolerantes com a opinião dos outros, quando essa é contrária à sua. As pessoas "decentes" se tornam hostis e bestiais quando têm suas convicções não aceitas por outrem. A religião é o melhor argumento para esse ponto devido ao fator de se vestir de um manto de castidade e tolerância, o amor ao próximo, tão comumente empregado pelos cristãos, raramente é visto fora das paredes de seus templos. Hipocrisia é a única coisa que se vê.

Sou agnóstico,só para ficar claro. E exatamente por ser agnóstico eu exercito diariamente a tolerância às crenças alheias, e isso me fez aceitar todos os tipos de diferenças. Credo, cor de pele, orientação sexual, são coisas que não fazem a menor diferença no meu mundo. Mas isso não é levado a sério pelos "nobres" ao meu redor, a ponto de desacreditarem/ridicularizarem meus princípios.

Talvez seja a hora de questionar sua idéia sobre quem na verdade é justo e honrável.




quinta-feira, 19 de junho de 2014

Porquê ele precisa ter existido?



A existência do indivíduo físico chamado Jesus é muito questionada, e devo dizer que atualmente estou de acordo com as evidências que nos dizem que ele não existiu (na verdade a falta de evidências de sua existência) 

Mas algo me deixa confuso
Os egípcios antigos acreditavam no deus Sol, representado por Rá e algumas variações, havia também Anubis, Ísis,etc. Os gregos acreditavam em Zeus e Apolo e assim por diante. Vários povos tinham seus deuses, ou seu Um deus (como os egípcios durante o reinado de Tutancâmon). Nunca houve grande reboliço da comunidade sobre a existência ou não de tais deuses. Será por serem muito mais impossíveis em sua morfologia, por serem uma mistura de homens e animais ou pelo fato de conseguirem mudar de forma e soltar raios das mãos? 

O fato é que eles eram tidos como divindades e sua existência na Terra, em nosso plano, nunca foi de relevância (Os deuses do Olimpo brincavam na Terra mas nada que chegue perto da discussão de hoje).
O fato é que Jesus é o Um deus dos Cristãos, assim como Akhenaton foi o Um deus dos Egípcios. Um DEUS, um ESPÍRITO, uma REPRESENTAÇÃO de algo maior, algo incompreendido por completo.

Ninguém sai por aí escavando para achar a carruagem de Thor, ou a lança de Odin. Não vejo sentido em discutir a existência física de Jesus na terra dos homens, e não entendo o porquê a não existência dele pode diminuir seu poder perante os cristãos. Isso é outro ponto de indagação: Por que o deus cristão PRECISA ter existido na face do nosso planeta? Por que isso aumenta, de certa forma, seu poder? Ele não pode viver no mundo onde todos os outros deuses (muitas vezes mais poderosos que ele) habitam?
Repetindo-me, Jesus é um deus, como os outros, seu lugar não é na Terra, então não há porque procurá-lo aqui.

Ah, não sou cristão, antes que pensem. Sou defensor da discussão correta e imparcial.

sábado, 7 de junho de 2014

O fato de não interagirmos como cães

Pela primeira vez vim à São Paulo passar uns dias (tinha vindo apenas em "bate-volta") e tomei meu tempo para conhecer a cidade. Caminhando pela Av. Paulista, tropecei em um pequeno parque e resolvi entrar, ali estavam várias pessoas caminhando com seus cães.
O fato que me chamou atenção foi quando dois cães (com seus respectivos donos) se viram e começaram a puxar suas guias enlouquecidamente para poderem se cheirar, haviam encontrado um companheiro de espécie e desejavam se conhecer. Enquanto isso, os donos dos animais pararam e permitiram que se cheirassem, mas os seres humanos, claramente encabulados e balbuciando palavras como "olha o amiguinho" em volume muito baixo, nem se olhavam.
Isso me fez tentar entender o porquê da situação, por que os donos dos animais não fizeram igual estes últimos e aproveitaram aquele momento para se conhecerem também?
Vi um vídeo no 9gag uma vez que mostrava um cara dizendo que não conseguia andar no mesmo ritmo com outras pessoas na rua, que quando isso acontecia ele secretamente apostava corrida com a pessoa, como se houve algum problema em 2 pessoas terem a mesma cadência de passadas, após uma reflexão no vídeo ele chega à constatação que essa situação é normal, e que não tem problema algum em dividir a calçada com alguém do seu lado, não há motivos para se sentir desconfortável.
Mas por que nos sentimos estranhos perto de pessoas que não conhecemos e não interagimos com elas?
A resposta, com certeza não e simples, e não cabe em uma simples postagem, mas estou mudando isso, tentando ser mais parecido com os cães do que com seus donos no parque. E o mais interessante é que as pessoas normalmente respondem muito bem ao estimulo, como se também estivessem com vontade de conhecer você, mas não o fazem, sem saber a razão.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Não, não somos todos macacos...


Então, vamos contextualizar antes de começar a criticar.

Jogaram uma banana em campo e o jogador alvo da fruta, em um ato muito espirituoso, pegou-a e comeu. O ato do jogador, eu achei fantástico, não deu moral para o ato racista e ainda fez uso produtivo do objeto, ingeriu nutrientes para o jogo. Lindo, espetacular, de uma fineza ímpar!
15 minutos depois deste episódio, as redes sociais já estavam tomadas da frase "Somos todos macacos" encabeçada por um apresentador de TV. Novamente, poucos minutos depois camisetas com os mesmos dizeres já estavam à venda pela bagatela de 70 reais (em uma camiseta, sério? 70 reais? Posso pagar em banana?) E isso sim me deixou um pouco incomodado.

Debatendo com amigos sobre o fato e lendo algumas coisas, chegou-se a conclusão que toda a campanha publicitária permeando o fato já estava pronta, apenas esperando o próximo ato de racismo, algo infelizmente ainda comum no mundo. Era uma questão de tempo até que um brasileiro fosse alvo desta descriminação. Mas, também não julgo a campanha em si, Luciano Huck não está errado em querer ganhar dinheiro, errado está quem paga 70 conto em uma camiseta tendenciosa.

Não, não somos todos macacos (não vou entrar na enfadonha discussão biológica, eu entendi o trocadilho), não somos todos iguais, e é exatamente por isso que digo que essa campanha é babaca. Se somos todos iguais não temos diferenças, se não temos diferenças não temos que respeitar o próximo pela individualidade, uma vez que, se somos todos iguais, não existe individualidade.

A única maneira de acabar com qualquer tipo de preconceito não é igualar as pessoas, é destacar suas diferenças, mostrar que elas existem sim, e devem ser respeitadas! Eu sou branco, ele é negro, o outro é asiático, e todos nós devemos nos repeitar, devemos aceitar as diferenças e a individualidade de cada um. Colocar todos em um mesmo saco não ensina nada, fechar os olhos para as diferenças é varrer a poeira para debaixo do tapete.

Se você é alto e seu amigo é baixo, se você é negro e seu amigo é branco, se você é heterossexual e seu amigo é homossexual, não importa, você tem que respeitá-lo em sua totalidade.

Eu não sou igual a ninguém, e você também não é, e essa é a beleza da coisa. Temos que ser capazes de olhar as diferenças, entendê-las e aceitá-las, não devemos fingir que elas não existem.

Então, não! Não somos todos macacos! E o único certo nessa história, é o Dani Alves!

sábado, 29 de março de 2014

Dor muscular tardia (atualização)


Se você chegar em seu professor de musculação na academia e perguntá-lo por que o seu músculo dói, com certeza ele irá dizer que é devido às lesões (ou  microlesões) causadas pelo exercício. Caso ele seja descritivo irá dizer que a contração causa pequenos machucados no músculo, talvez uma analogia com uma corda sendo tracionada com muita força. Essa é a resposta padrão para a pergunta acima. Mas será que é exatamente assim?

Essa afirmação, por si, não está errada, mas o processo que vemos isso acontecer em nossas mentes está. Pensamos nesse estresse como algo que "arrebenta" as fibras, exatamente igual uma corda que começa a soltar seus pequeno fragmentos teciduais, até o ponto de ficar toda esgarçada. 
Um colega, ao qual tenho muito apreço, disse que não sentimos a dor no momento devido ao que ele chamou de "hormônio do estresse" (referindo-se possivelmente ao Cortisol) e isso me fez escrever sobre esse fenômeno já tão bem entendido no meio científico, mas ainda mistificado no âmbito das academias.

Um modelo proposto por Armstrong (1984) e reafirmado por Armstrong, Warren & Warren (1991) diz que com as contrações vigorosas, ocorre um desbalanço estrutural célula muscular, tal dano permite a entrada de íons de cálcio presentes no meio extracelular para a célula muscular. No meio intracelular os íons de cálcio sobrecarregam a mitocôndria (responsável pela respiração celular) e não permitem a retirada do excesso de cálcio, causando a morte celular por anóxia (falta de oxigênio).

Antes de continuar com o processo que irá levar à dor muscular (não é a morte celular que causa a dor), um estudo de Newman et al. (1983) mostrou que imediatamente após o exercício, o tecido muscular apresenta pequenos níveis de lesão, após 24 horas o nível se eleva e atinge o máximo em 48 horas. Já percebeu que após um treino muito forte seu músculo dói mais 2 dias depois do que no dia seguinte ao treino?

Bem, isso ocorre porque a morte celular joga "restos de célula" por todo interstício (espaço entre as células), isso atrai monócitos que irão limpar a área, por assim dizer. Essa resposta é inflamatória e é a inflamação que causa a dor muscular, e essa resposta atingi seu máximo em 48 horas. Por isso que dói depois e não durante.

Pense bem, caso houvesse lesões de fibra mesmo, rompimento, você cairia de dor e não aguentaria continuar. Outro ponto importante, sempre que há uma lesão devido à tensão excessiva (comum em atletas de culturismo e levantamento de peso) o que se rompe é o tendão, romper o músculo pela tensão gerada por ele mesmo é igual tentar estrangular a si mesmo, simplesmente não dá.
Ou seja, não são as lesões que causam a dor, tão pouco elas são causadas pelo estresse mecânico, é a transdução do processo mecânico para químico que gera todo o desconforto.

Nota atualizada (12/10/2014)
Um outro modelo propõe que a morte da célula se dá devido à ativação da Calpaína ( proteinase dependentes de cálcio) e da fosfolipase A2 que age nas proteínas da membrana celular, mas muito pouco nas miofibrilas. 



**Nota: Todo o processo descrito acima é relacionado ao treino de hipertrofia clássico, outros modelos de treino que geram hipertrofia também passam pelo mesmo processo, mas a via metabólica pode ser diferente. 

Referências:

Armstrong RB. Mechanisms of exercise-induced delayed onset muscle soreness: a brief review. Med Sci Sports Exercise. 1984; 16:529-38.

Armstrong RB, Warren GL, Warren JA. Mechanisms of exercise-induced muscle fibers injury. Sports Med. 1991; 12:184-207

Newman DJ, McPhail G, Mills KR, Edwards RHT. Ultrastructural changes after concentric and eccentric contractions of human muscle. J Neuro Sci. 1983; 61(1):109-22.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A proibição dos suplementos e a revolta desinformada.


Bem, praticamente todo praticante de musculação ou de algum tipo de esporte mais levado à sério, já deve saber que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de proibir 4 suplementos que eram importados para nosso país, todos de marcas bem conhecidas.
O que eu mais vejo agora é a revolta das pessoas que ingerem tais suplementos ou que os defendem (algo justo, não julgarei o mérito de tais pessoas), porém, gostaria de analisar criticamente cada um dos suplementos proibidos e a explicação da ANVISA sobre tal atitude.
Os trechos transcritos foram retirados do site da da abril (de onde peguei a imagem, inclusive)
1º - O suplemento Isofast-MHP foi suspenso "por apresentar BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada) e não se enquadrar em nenhuma das classificações descritas nos artigos 5º e 29 da Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 18, de 27 de abril de 2010" 

  • Okay, os gritos são: (Que absurdo, BCAA é bom, não faz mal, qual o problema? Temos bolachas recheadas e refrigerantes nas prateleiras, isso sim deveria ser banido)
A questão aqui não é o fato do composto fazer mal ou não, o problema é que no rótulo do produto não consta os BCAA's, ou seja, dentro desta embalagem está uma substância que NÃO CONSTA NA EMBALAGEM, só eu consigo perceber a seriedade disso? Você irá colocar dentro do seu corpo algo, e a unica coisa que te diz exatamente o que você está ingerindo é o rótulo, e nele não está escrito a verdade!!! Isso é absurdo!! Não importa se é BCAA, farinha ou estricnina, é pelo fato de não estar escrito! E olha que a regularização do BCAA é bem tranquila, o artigo 29 da resolução citada diz que eles dispensam o registro, é só colocar no rótulo e seguir algumas regrinhas básicas e fáceis. Segue o link para os mais curiosos e preguiçosos.
Ah, e as bolachas e refrigerantes dizem os componentes da composição nos rótulos!

2º - O Alert 8-Hour-MHP foi proibido "por conter taurina em sua composição" — segundo a Anvisa, a taurina é permitida em bebidas energéticas, mas proibida em alimentos para atletas.

Bem, esse a regra já está explicada, só pode em bebidas. Exatamente o motivo de só ser permitido em líquidos é um mistério pra mim, mas é a lei. E se você quiser vender qualquer produto em qualquer país, deve seguir a legislação daquele país.

3º - Probolic-SR-MHP se deu "por não haver comprovação de segurança de uso do produto".

Porra, muito obrigado né! Ninguém ousaria tomar um medicamente que viesse na caixa "NÃO SABEMOS EXATAMENTE SE ESSE PRODUTO É SEGURO PARA HUMANOS", mas com suplementos tudo bem? De forma alguma, não se sabe se esse produto é seguro, ele não foi testado, não tem como dizer, baseados em fatos que isso não pode fazer um mal absurdo. No caso do produto, a questão está no óleo de borragem, esse óleo é extraído da planta com o mesmo nome e tem propriedades diuréticas e sudoríferas e não existem estudos a respeito dos seus possíveis efeitos colaterais. E antes que alguém diga que se pode vender nos EUA é porque é seguro, por favor, assista ao documentário "Bigger, Stronger and Faster" que vocês verão que na terra do Tio Sam não há fiscalização nenhuma.

4º - Carnivor (esse a galera ficou revoltada) O suplemento foi suspenso "por apresentar teores de Vitamina B12 e B6 acima da ingestão diária recomendada e as substâncias Glutamina alfa-cetoglutarato (GKC), Ornitina alfa-cetoglutarato (OKG), alfa-cetoisocaproato (KIC), que não foram avaliadas quanto à segurança de consumo como alimentos".

Pra começar, se você paga 400 reais para comer proteína de carne em pó, por favor, se dirija ao consultório psiquiátrico mais próximo, por favor, porque você está, com certeza, completamente maluco. Mas, mantendo o foco. Doses excessivas de vitaminas podem ser tóxicas (ex: D, E, B3, B6, B9 e A - essa última inclusive causando mal formação fetal quando ingeridas em excesso por gestantes) então, um produto conter altas dosagens dessas vitaminas, é sim, muito perigoso e irresponsável. Os outros componentes caem no mesmo critério do suplemento anterior, não se sabe se é seguro.

Eu particularmente fico muito feliz e tranquilo em saber que a ANVISA está fazendo a fiscalização, e já discuti até a estafa sobre o uso de suplementos, não pretendo fazê-lo novamente tão cedo. Esse post serve apenas para esclarecer as razões de cada uma das proibições, eu, honestamente, não concordo com todas, mas entendo perfeitamente a sua lógica.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Não esqueça de se inserir na geração...

Atualmente é altamente veiculado na internet vários textos sobre os atuais "jovens adultos" (18-28 anos).
Os textos, em geral, são muito bons, demonstram muito bem as situações que essas pessoas enfrentam hoje, e como elas reagem mal às frustrações da vida. O objetivo aqui não falar sobre esses textos (acho que todos que entram aqui pra ler isso já os leram), mas dizer que você que leu esses textos e ficou balançando a cabeça positivamente ao ler os exemplos, ou na parte que diz "você provavelmente conhece alguém assim,  na faculdade ou no trabalho". Pois é, você realmente conhece alguém assim, que não aceita as dificuldades da vida, que quer estar rico aos 30 anos, que diz que o chefe é menos capaz que ele e que se acha um dos melhores no que faz. VOCÊ!!!!
Pense bem, faça a coisa mais difícil de todas; se auto-critique! Pense em como você se acha acima da média na sua profissão, como você não aceita as críticas dos seus superiores, como você acha que o seu chefe chegou à posição que ele está hoje puxando saco e veja como você quer ter um padrão de vida muito mais alto, mas não quer ter que trabalhar anos pra isso!
Um dos segredos de um bom texto é ser genérico e não atingir diretamente seu leitor, ele deve deixar lacunas em branco para que o leitor mesmo se insira e se identifique. Se você vai falar mal da geração que está lendo o texto, não se pode apontar o dedo para a pessoa que lê, mas sim falar sobre as pessoas que estão do lado dela. Bem, você está do meu lado e eu estou do seu!
Se continuarmos a olhar apenas para as pessoas do lado, e não para os nossos erros, as coisas não vão mudar. Todo mundo lê os textos sobre a "geração Y" ou "geração EU" e fica puto com o que lê, pensa que essas pessoas tem que ter um choque de realidade e aprender que não são especiais, que não são as melhores, então fofo(a), VOCÊ NÃO É ESPECIAL, EU NÃO SOU ESPECIAL, não somos os melhores na nossa profissão (você pode ser muito bom), seu chefe sabe mais que você, você não vai subir na empresa em 2 anos e ficar rico, para isso é preciso trabalhar anos, muitos anos! Você, não as pessoas do seu lado, VOCÊ!
Assim como o gatinho da foto, você se acha muito maior e mais forte do que realmente é, e muitos livros e textos de auto ajuda querem te induzir a isso. Não estou falando que você é um perdedor, ora, um gato consegue fazer muitas coisas legais, mas ele não é um leão, e nunca será. Mas ele pode ser um gatinho bem massa!
Acho importante que possamos identificar os nossos erros e tentar mudar em nós mesmo antes de tentar mudar o mundo!