terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sobre professores de Educação Física; Parte 1.

Atendendo ao pedido de um amigo, irei falar sobre o tema que menos gosto de discutir: a Educação Física, mais especificamente sobre o profissional desta área.
Durante toda a série de textos tentarei fugir ao máximo do padrão revoltado de internet, que apenas critica por criticar, me atentarei a fatos e embasarei meus argumentos. Espero que consiga.

Bem, a primeira coisa que acho que merece ser discutida é a remuneração. Hoje, uma academia grande paga ~10 reais a hora para um professor de musculação. A classe julga isso muito pouco e quer aumento (claro, todo profissional quer aumento), a ponto de haver uma discussão no LinkedIn (adoro discussões de pessoas que acham que vão mudar o mundo sentados no sofá reclamando na internet) sobre um aumento para R$4.500,00 por 30 horas semanais. Ora, isso da ~37,50 reais por hora! Okay, então vamos discutir sobre o mérito.

Esse salário que os profissionais estão pedindo, é um bom salário, muito bom na verdade, inacessível para a imensa maioria dos brasileiros, que sá para a imensa maioria das pessoas com ensino superior. Uma faculdade particular normalmente para em torno disso para um professor com o título de Doutor.

Mas o que eu quero julgar aqui é o merecimento dos professores por esse salário, querer um bom salário é justo, desde que se mereça ele, e eu já adianto aqui que o professor de Educação Física padrão do Brasil, não merece esse pagamento, nem de longe.
Quando digo professor padrão, ninguém se sente atingido, pois todos se acham acima da média, nenhum se acha uma pessoa medíocre (atente para o verdadeiro significado desta palavra), todo mundo se acha merecedor, se acha melhor, muito acima do padrão. Entenda, não a nada de errado em ser o padrão, eu sou um jogador de FIFA padrão, um motorista padrão, dentre outras coisas que faço do mesmo modo que a maioria das pessoas faz. O segredo e não se achar foda em tudo, mas saber seus pontos fortes e fracos.

Bem, o professor de musculação padrão não sabe nem metade do que deveria para sonhar em ganhar um salário desse. Quanto mais raro é o profissional, mais ele ganha, essa é a regra. Quanto menos pessoas conseguirem fazer o que você faz, maior será o seu salário. E fazer o que um profissional de educação física padrão faz atualmente não é, nem um pouco, raro. Qualquer um consegue, inclusive temos pessoas que trabalham com exercício que nunca fizeram faculdade e fazem um trabalho muito melhor do que os professores.

Infelizmente o educador físico quer ser valorizado mas não se dá o valor. Acha que as outras classes devem reconhecê-lo como um profissional importante na área da saúde, mas não se esforça para isso. Não estuda para isso. E quando estuda, não procura revistas científicas (muitas vezes, nem sabem o que é isso), não busca livros renomados, vê vídeos de fisiculturistas no YouTube ou faz cursos sem valor em encontros da área. Isso não é estudar.

O profissional de Educação Física hoje não é valorizado fora do meio acadêmico, pois não merece sê-lo, não tem conhecimento para preencher seu ego. Não leu livros o suficiente para querer seu lugar ao sol ao lado dos profissionais valorizados. A briga que eles tem com os médicos é fruto apenas de inveja pelo salário e pelo prestígio que este último carrega. Mas saiba que mesmo um médico ruim, para se formar, leu muito mais livros do que 99% dos profissionais da nossa área.
Então, antes de exigir mais reconhecimento e maior salário, encha sua carcaça de músculos com conhecimento sobre os saberes de sua área. Antes de querer que os outros te valorizem se deem o devido valor. O gráfico abaixo mostra isso, quem ganha mais ou é professor pesquisador de faculdade pública ou trabalha dentro de hospitais, em ambos os casos, estudaram MUITO pra estarem lá!



*a figura foi feito pela UFMG neste site.


Texto complementar: http://discussaobanal.blogspot.com.br/2014/07/o-despreparo-da-educacao-fisica.html

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